segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Espelho meu: Marta Melro em entrevista

Marta Melro sempre quis ser mãe até aos 25 anos, mas agora que a data se aproxima vai deixar passar mais algum tempo. Feliz ao lado de André Nunes, a actriz garante que se sente completa.
- Depois de ter terminado as gravações da telenovela ‘Feitiço de Amor’ está de férias. O que tem aproveitado para fazer?
- Aquilo que toda a gente faz: tenho ido à praia, dormido até tarde, ido ao cinema, visitado os meus pais. Coisas normalíssimas. Mas tem estado a ser bom porque desde que comecei a trabalhar, há seis anos, ainda não tinha tido nenhum período oficialmente de férias e os que tive era na ansiedade de não saber se tinha trabalho a seguir e nunca conseguia descansar. Portanto, só agora que eu sei o que tenho a fazer a longo prazo é que estou mesmo a conseguir ter umas férias tranquilas.
- E o que é que se segue?
- Segue-se, já para o mês que vem, o final da peça de teatro ‘Raparigas’. Projectos televisivos talvez para o final do ano.
- Como está a correr a experiência do teatro?
- Está a ser bom. Eu nunca tinha feito teatro e fugia como o diabo foge da cruz. Achava que era muito pretensioso da minha parte aventurar-me no teatro sem formação e morria de medo. A peça ‘Raparigas’ acabou por ser irrecusável, porque era um espectáculo com o qual eu me podia sentir confortável, portanto foi um salto com rede.

- Como foi a primeira vez que subiu ao palco.
- Foi um terror. Tenho muitos ataques de pânico e medo do público. A experiência que eu tinha tido mais próxima de lidar com o público foi no programa ‘Dança Comigo’ e passei-me completamente. Não conseguia comer, não conseguia dormir e entrei em stress. Já tinha esse ‘briefing’ de que poderia ser complicado e até no próprio dia da estreia geri mais ou menos os nervos. Mas na altura em que entrei na sala e vi o palco fiquei branca que nem cal. Estive o resto das horas, até chegar à estreia, em stress: maquilhei-me a tremer e antes de entrar achei que ia vomitar, que não ia aguentar e tive a Ana Brandão agarrar-me nas mãos a dizer ‘Agora vais ter que ir, isto depois de entrares não custa nada’. E isso é mesmo um mito. Os nervos só passaram quando saí do palco e desceu a adrenalina.
- E agora já lida bem com isso?
- Fico sempre muito, muito nervosa antes de entrar, mas já lido melhor. Pior é se há pessoas conhecidas na plateia. Na estreia, obriguei os meus pais a não irem e a única pessoa que apareceu foi a minha agente, e às escondidas. Se forem amigos meus a ver, estou descontraída porque sei que vão ser as pessoas mais tendenciosas do mundo. Agora se for algum colega de trabalho é complicado, porque me vai apreciar de outra forma.
- O que gostava de fazer a seguir?
- É um grande cliché, mas eu tenho muita vontade de fazer uma mazona, preciso muito de exorcizar os meus demónios. Por isso, deixem-me lá fazer uma sacaninha desta vez [risos].
- Na última telenovela em que participou conheceu o André Nunes, com quem fazia par romântico e que é o seu actual namorado. A paixão nasceu da ficção?
- Não necessariamente. Nasceu, sobretudo, da nossa empatia profissional: de gostarmos os dois das mesmas coisas em termos de trabalho, do facto de adorarmos ser actores e de coisas relacionadas com a representação. Foi sobretudo uma empatia profissional e depois surgiu o carinho, a amizade, até haver um click.
- Já estão juntos há uma série de tempo. Assentaram como uma luva...
- Nada do que aconteceu no início foi ilusão, a nossa empatia mantém-se: continuamos a gostar das mesmas coisas e, de facto, mais ninguém nos aturaria sem sermos um ao outro. Mais ninguém tem paciência para falar tanto sobre televisão, sobre teatro, telenovelas ou actores, como nós temos.
- É importante para si ter um namorado da mesma área?
- É. Há actores que têm a teoria de que preferem não namorar com alguém do meio, porque já têm q.b. disso enquanto trabalham. No meu caso, acho que é importante porque há coisas que só outro actor é que perceberia. Neste caso específico, só um actor tão parecido comigo e com o meu método de trabalho, como o André, é que perceberia.
- O que ele lhe diz do seu trabalho?
- Admiramos um no outro aquilo que não temos. Eu posso considerar-me uma actriz naturalista, trabalho muito mais por instinto e ele é muito mais um actor de composição. Portanto, eu admiro-lhe a capacidade de se debruçar de forma tão séria sobre o trabalho e ele admira em mim a minha capacidade instintiva de fazer na hora.
- Quando chegam a casa ainda vêem novelas?
- Vemos e falamos. Neste momento não temos nada nosso no ar, mas de vez em quando fazemos um zapping e ficamos a comentar a luz, a interpretação, os actores. Somos insuportáveis.
- Pouco antes de estar com o André, namorou quatro anos com outro actor, o Rodrigo Saraiva. Continuam amigos?
- Sim, continuamos a ser amigos e falamos normalmente. Tudo aconteceu pacificamente.
- Tem uma tatuagem em comum com o ex, uma aliança. Não pensa apagá-la?
- Não e, aliás, mesmo quando eu e o Rodrigo estávamos juntos e dávamos entrevistas, sempre explicámos que esta tatuagem não era necessariamente uma aliança. Claro que é difícil dissociá-la desse significado, porque é uma tatuagem feita no anelar da mão esquerda. Mas o que ela simboliza é uma fase da nossa vida. Na altura, fazia sentido por aquela razão e aquela razão continua a fazer sentido, portanto não há porque escondê-la ou retirá-la.
- Não ficou nenhuma espécie de rancor entre vocês?
- Não e isso é muito saudável, principalmente porque o Rodrigo é actor. Ainda bem que mantemos uma relação saudável porque, se isso não acontecesse e nos voltássemos a cruzar em trabalho, iria ser muito chato. Como ficou tudo bem, isso não me faz confusão nenhuma.
- E o André lida bem com isso?
- Claro que sim, é o meu passado e aqueles quatro anos também fazem de mim a pessoa que sou hoje. Foram os anos em que descobri que queria ser actriz, em que amadureci. Não há que renegar nada.
- Aos 24 anos, ainda não sente o apelo da maternidade?
- Eu posso virá-los para os meus sobrinhos, que são quatro. Tenho uma data de criançada à minha volta e assim fico com a melhor parte de ser mamã: não tenho de mudar fraldas nem de acordar durante a noite [risos].
- Quando pensa ter filhos?
- Gostava de ser uma mãe jovem, mas é engraçado porque até chegar aqui sempre disse que queria ser mãe até esta idade. E agora que estou quase nos 25 penso que é melhor esperar mais uns aninhos.
- Tem o sonho de casar?
- Não. Já passei pela experiência de viver junto, que para mim é um casamento. Acho que esse é um passo decisivo na vida de um casal e não o facto de assinar um papel. Acho o casamento uma belíssima desculpa para juntar a família.
- Como é que hoje em dia a sua família lida com a sua exposição pública?
- Os meus pais coleccionam tudo o que sai sobre mim, não dormem e não se faz barulho em casa enquanto estiver a dar alguma coisa minha na televisão. Os meus irmãos têm uma forma diferente de lidar. As meninas, curiosamente, são as que dão menos importância à coisa e não fazem grande alarido à volta disso. O meu irmão é o mais atento. Depois, é claro, os meus sobrinhos adoram ter uma tia que faz televisão.
- Saiu de casa dos pais no Norte do País há quatro anos para entrar nos ‘Morangos com Açúcar’, em Lisboa. Custou-lhe?
- Custou, até pela coisa mais simples do mundo: o saber que se precisasse de alguma coisa isso não estava à distância de um telefonema ou de um chamar de uma divisão para a outra, mas de 300 quilómetros. Sou uma filhinha da mamã e do papá, orgulhosamente.
- O que é que mudou na sua vida a partir do momento em que entrou para a televisão?
- Só mudaram as coisas realmente práticas como a distância física dos meus pais. De resto, nem senti muito a falta de tempo porque antes eu já fazia imensas coisas, praticava mil e quinhentos desportos, estudava, fazia trabalhos de moda e dava explicações. No início, senti foi o choque de ser conhecida, porque sou uma falsa extrovertida e incomodava-me o burburinho à minha volta. Até passei um bocadinho uma fase de revolta por causa disso e isolei-me muito em casa, mas foi só ao início. Era estranho.
REFLEXO
- O que vê quando se olha ao espelho?
- Vejo cada vez mais uma confirmação daquilo que eu tentei negar durante muito tempo, que era o meu físico. Sempre tive muita dificuldade em aceitar a minha magreza, mas hoje vejo uma imagem confortável.
- Alguma vez lhe apeteceu partir o espelho?
- Já, acho que todas as mulheres vivem uma relação de amor/ódio com o espelho: somos vaidosas e precisamos dele constantemente, mas às vezes também nos dá vontade de o partir.
- Quem gostaria de ver reflectido no espelho?
- A minha mãe. Sempre fomos muito parecidas e continuamos a sê-lo. Se fizermos o mesmo penteado é impossível não perceberem que somos mãe e filha. Foi uma pessoa que sempre admirei, pela beleza dela e muitas vezes tento identificar-me com ela.
- Pessoa de referência?
- Os meus pais. Claro que toda a gente diz que os seus pais são os mais fantásticos do mundo, mas os meus são mesmo um exemplo de tudo.
- Momento marcante?
- Tive muitos. Todas as fases de transição da minha vida foram marcantes.
- Qualidade e defeito?
- Não acho que tenha nenhuma qualidade particular. Acho que sou acessível e não sou preconceituosa. Um defeito é ser muito temperamental. Às vezes sou um bocadinho bipolar e é difícil por vezes a convivência comigo, porque eu passo muito rapidamente de um estado emocional ao outro.

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